Museu dos provérbios

Raphael Bordallo Pinheiro
Zé Povinho, Fiado, Toma (c. 1890)

Provérbios portugueses

  • A ambição enche a cabeça e cega o coração.
  • A cavalo dado não se olha o dente.
  • A falar é que a gente se entende.
  • A galinha do vizinho é sempre melhor que a minha.
  • À galinha que canta como galo corta-lhe o gargalo.
  • A ignorância é a mãe de todas as doenças.
  • A laranja de manhã é ouro, à tarde, prata, e à noite mata.
  • A mulher e a sardinha querem-se da mais pequenina.
  • A necessidade aguça o engenho.
  • A noite é boa conselheira.
  • A ocasião faz o ladrão.
  • A palavra é de prata e o silêncio é de ouro.
  • A pensar morreu um burro.
  • A preguiça é mãe de todos os vícios.
  • A roupa suja lava-se em casa.
  • A união faz a força.
  • Água mole em pedra dura, tanto dá até que fura.
  • Águas passadas não movem moinhos.
  • Amigo não empata amigo.
  • Amigos amigos negócios à parte.
  • Amigos dos meus amigos, meus amigos são.
  • Antes só do que mal acompanhado.
  • Antes tarde do que nunca.
  • Ao menino e ao borraho põe Deus a mão por baixo.
  • As mulheres… se não fossem a falta que fazem… nan faziam falta nenhuma (provérbio alentejano).
  • Atrás de mim virá quem de mim bom fará.
  • Azeite de cima, mel do meio e vinho do fundo, não enganam o mundo.
  • Baleias no canal, terás temporal.
  • Boa fama granjeia quem não diz mal da vida alheia.
  • Boa romaria faz, quem em casa fica em paz.
  • Boca que apetece, coração que padece.
  • Boda molhada, boda abençoada.
  • Boi velho gosta de erva tenra.
  • Burro velho não aprende línguas.
  • Burro velho não tem andadura e se tem pouco dura.
  • Cada cabeça sua sentença.
  • Cada macaco no seu galho.
  • Cada ovelha com sua parelha.
  • Cada panela, sua tampa.
  • Cada panela, seu testo.
  • Cada qual com seu igual.
  • Cada qual sabe onde lhe aperta o sapato.
  • Cada um sabe de si.
  • Cada um sabe de si, e Deus de todos.
  • Candeia que vai à frente alumia duas vezes.
  • Cão que ladra não morde.
  • Casa de ferreiro, espeto de pau.
  • Casa onde entra o sol não entra o médico.
  • Casa roubada, trancas à porta.
  • Casarás e amansarás.
  • Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.
  • Chuva de São João, tira vinho e não dá pão.
  • Com Melancia, água da companhia, com melão, vinho de tostão.
  • Com vinagre não se apanham moscas.
  • Come para viver, não vivas para comer.
  • Comer e coçar o mal é começar.
  • Cria a fama e deita-te a dormir.
  • Da mão à boca vai-se a sopa.
  • De médico e de louco, todos temos um pouco.
  • De noite todos os gatos são pardos.
  • Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer.
  • Depois da tempestade vem a bonança.
  • Depois de fartos, não faltam pratos.
  • Depressa e bem não há quem.
  • Deus ajuda, quem cedo madruga.
  • Devagar se vai longe.
  • Diz o roto ao nu ‘Porque não te vestes tu?’.
  • Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.
  • Dos fracos não reza a história.
  • Em abril sacha e semeia que o Céu te abençoa e te remedeia.
  • Em casa de ferreiro, espeto de pau.
  • Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.
  • Em tempo de guerra não se limpam armas.
  • Em terra de cegos quem tem um olho é rei.
  • Enquanto há vida, há esperança.
  • Enquanto houver língua e dedo não há mulher que meta medo.
  • Entre marido e mulher, não metas a colher.
  • Erva daninha a geada não mata.
  • Falar é prata, calar é ouro.
  • Filho de peixe, sabe nadar.
  • Gaivotas em terra, tempestade no mar.
  • Galinha de campo não quer capoeira.
  • Gato escaldado de água fria tem medo.
  • Grão a grão enche a galinha o papo.
  • Guarda o que comer, não guardes o que fazer.
  • Guardado está o bocado para quem o há de comer.
  • Há males que vêm por bem.
  • Homem pequenino, ou velhaco ou dançarino.
  • Homem prevenido vale por dois.
  • Ignorante é aquele que sabe e se faz de tonto.
  • Junta-te aos bons, serás como eles, junta-te aos maus, serás pior do que eles.
  • Ladrão que rouba a ladrão, tem cem anos de perdão.
  • Longe da vista, longe do coração.
  • Lua deitada, marinheiro de pé.
  • Lua nova trovejada, trinta dias é molhada.
  • Madruga e verás, trabalha e terás.
  • Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo.
  • Mais vale cair com graça do que ser engraçado.
  • Mais vale perder um minuto na vida do que a vida num minuto.
  • Mais vale prevenir que remediar.
  • Mais vale ser rabo de pescada que cabeça de sardinha
  • Mais vale um pássaro na mão, do que dois a voar.
  • Mais vale um pé no travão que dois no caixão.
  • Mais vale uma palavra antes que duas depois.
  • Mal por mal, antes na cadeia do que no hospital.
  • Manda quem pode, obedece quem deve.
  • Mãos frias, coração quente.
  • Morreu o bicho, acabou-se a peçonha.
  • Muita parra pouca uva.
  • Muito alcança quem não se cansa.
  • Muito come o tolo, mas mais tolo é quem lhe dá.
  • Muito riso pouco siso.
  • Muitos cozinheiros, estragam a sopa.
  • Não dá quem tem, dá quem quer bem.
  • Não há bela sem senão.
  • Não há duas sem três.
  • Não há fome que não dê em fartura.
  • Não há mal que sempre dure, nem bem que não se acabe.
  • Não há sábado sem sol, domingo sem missa nem segunda sem preguiça.
  • Não peças a quem pediu nem sirvas a quem serviu.
  • Não vendas a pele do urso antes de o matar.
  • Nem contas com parentes nem dívidas com ausentes.
  • Nem oito nem oitenta.
  • Nem sempre galinha, nem sempre rainha.
  • Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
  • Nem tudo o que luz é ouro.
  • Nem tudo o que reluz é ouro.
  • Nem tudo o que vem à rede é peixe.
  • No aperto e no perigo se conhece o amigo.
  • No meio é que está a virtude.
  • No melhor pano cai a nódoa.
  • No poupar é que está o ganho.
  • Nuvem baixa sol que racha.
  • O bom filho à casa retorna. [Bom filho à casa torna]
  • O casamento e a mortalha no céu se talha.
  • O futuro a Deus pertence.
  • O hábito faz o monge.
  • O homem põe e Deus dispõe.
  • O ótimo é inimigo do bom.
  • O primeiro milho é dos pardais.
  • O prometido é devido.
  • O que arde cura.
  • O que arde cura, o que coça sara e o que aperta segura.
  • O que não mata engorda.
  • O que não tem remédio remediado está.
  • O segredo é a alma do negócio.
  • O seguro morreu de velho.
  • O seu a seu dono.
  • O sol quando nasce é para todos.
  • Olho que vê, mão que pilha.
  • Os amigos são para as ocasiões.
  • Os cães ladram e a caravana passa.
  • Os homens não se medem aos palmos.
  • Os homens são o diabo, não há mulher que o negue, mas todas elas procuram um diabo que as carregue.
  • Os opostos atraem-se.
  • Paga o justo pelo pecador.
  • Para baixo todos os santos ajudam.
  • Para frente é que é o caminho.
  • Para grandes males, grandes remédios.
  • Para morrer basta estar vivo.
  • Para quem é, bacalhau basta.
  • Pardais ao milho!
  • Passarinhos e pardais não são todos iguais.
  • Patrão fora, dia santo na loja.
  • Pau que nasce torto jamais se endireita.
  • Pedra que rola não cria limo.
  • Peixe não puxa carroça
  • Pela boca morre o peixe.
  • Perde-se o velho por não poder e o novo por não saber.
  • Por fora bela viola, por dentro pão bolorento.
  • Por morrer uma andorinha não acaba a primavera.
  • Preso por ter cão, preso por não ter.
  • Presunção e água benta, cada qual toma a que quer.
  • Quando a esmola é grande o santo desconfia.
  • Quando a esmola é muita o pobre desconfia.
  • Quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão.
  • Quando um burro fala, o outro abaixa a orelha.
  • Quando um cai, todos o pisam.
  • Quando um não quer, dois não discutem.
  • Quanto mais pressa, mais devagar.
  • Quanto mais te agachas, mais te põem o pé em cima.
  • Quem anda na chuva, molha-se.
  • Quem avisa, amigo é.
  • Quem boa cama fizer nela se deitará.
  • Quem brinca com o fogo queima-se.
  • Quem canta, seus males espanta.
  • Quem cabritos vende e cabras não tem, anda por certo a foder alguém.
  • Quem cala, consente.
  • Quem casa, quer casa.
  • Quem com ferros mata, com ferros morre.
  • Quem comeu a carne que roa os ossos.
  • Quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto.
  • Quem corre por gosto não cansa.
  • Quem dá aos pobres empresta a Deus.
  • Quem dá e torna a tirar ao inferno vai parar.
  • Quem dá o que tem, a pedir vem.
  • Quem desdenha quer comprar.
  • Quem diz as verdades, perde as amizades.
  • Quem diz o que quer, ouve o que não quer.
  • Quem é vivo sempre aparece.
  • Quem espera sempre alcança.
  • Quem está no convento é que sabe o que lhe vai dentro.
  • Quem feio ama, bonito lhe parece.
  • Quem mais jura mais mente.
  • Quem muito escolhe pouco acerta.
  • Quem muito fala pouco acerta.
  • Quem nada não se afoga.
  • Quem não aparece, esquece; mas quem muito aparece, tanto lembra que aborrece.
  • Quem não arrisca não petisca.
  • Quem não chora não mama.
  • Quem não deve não teme.
  • Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele
  • Quem não sabe é como quem não vê.
  • Quem não te conhecer, que te compre.
  • Quem não tem cão, caça com gato.
  • Quem não tem dinheiro não tem vícios.
  • Quem não tem panos não arma tendas.
  • Quem não trabuca não manduca.
  • Quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita.
  • Quem nasceu para a forca não morre afogado.
  • Quem o alheio veste, na praça o despe.
  • Quem o seu cão quer matar chama-lhe raivoso.
  • Quem paga adiantado é mal servido.
  • Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte.
  • Quem parte velho paga novo.
  • Quem quer festa, sua-lhe a testa.
  • Quem ri por último, ri melhor.
  • Quem sabe faz, quem não sabe ensina.
  • Quem sai aos seus não degenera.
  • Quem se mete em atalhos não se livra de trabalhos.
  • Quem semeia ventos colhe tempestades.
  • Quem tarde vier comerá do que trouxer.
  • Quem te cobre que te descubra.
  • Quem tem boca vai a Roma.
  • Quem tem burro e anda a pé mais burro é.
  • Quem tem capa sempre escapa.
  • Quem tem cem mas deve cem pouco tem.
  • Quem tem telhados de vidro não atira pedras.
  • Quem tudo quer tudo perde.
  • Quem vai à guerra dá e leva.
  • Quem vai ao ar perde o lugar e quem vai ao vento perde o assento.
  • Quem vai ao mar avia-se em terra.
  • Quem vê caras não vê corações.
  • Querer é poder.
  • Recordar é viver.
  • Rei morto, rei posto.
  • Roma e Pavia não se fizeram num dia.
  • Santos da casa não fazem milagres.
  • São mais as vozes que as nozes.
  • Se em terra entra a gaivota é porque o mar a enxota.
  • Se sabes o que eu sei, cala-te que eu me calarei.
  • Toda a mentira tem um fundo de verdade.
  • Todo o homem tem o seu preço.
  • Todos os caminhos vão dar a Roma.
  • Tristezas não pagam dívidas.
  • Uma andorinha não faz a primavera.
  • Uma desgraça nunca vem só.
  • Um é para o que nasce.
  • Uma mão lava a outra.
  • Vão-se os anéis e ficam-se os dedos.
  • Vozes de burro não chegam aos céus.
  • Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades.

Sobre os meses do ano

Janeiro

  • Janeiro: geeiro.
  • Em Janeiro, sobe ao outeiro. Se vires verdejar, põe-te a chorar; se vires terrear, põe-te a cantar.
  • Janeiro molhado não é bom para o pão, mas é bom para o gado.
  • Janeiro frio e molhado enche a tulha e farta o gado.
  • Em Janeiro, sete casacos e um sombreiro.
  • Em Janeiro, seca a ovelha no fumeiro.
  • Em Janeiro, cada pinga mata seu grãeiro.
  • Trovão em Janeiro: nem bom canastro nem bom palheiro.
  • Se Janeiro não tiver trinta e uma geadas, tem de as pedir emprestadas.
  • Luar de Janeiro não tem parceiro, mas o de Agosto dá-lhe no rosto.
  • Não há luar como o de Janeiro, nem amor como o primeiro.

Fevereiro

  • Fevereiro: rego cheio.
  • Fevereiro enxuto rói mais que todos os ratos do mundo.
  • Quando não chove em Fevereiro, nem bom prado nem bom celeiro.
  • Chuva de Fevereiro mata o onzeneiro.
  • Água de Fevereiro enche o celeiro.
  • Em Fevereiro, chuva; em Agosto, uva.
  • Em Fevereiro, chega-te ao lameiro.
  • Fevereiro afoga a mãe no ribeiro.
  • Ao Fevereiro e ao rapaz perdoa tudo o que faz, se o Fevereiro não for secalhão e o rapaz não for ladrão.
  • Neve em Fevereiro não faz bom celeiro.

Março

  • Páscoa em Março: ou fome ou mortaço.
  • Enxame de Março apanha-o no regaço.
  • Março zangado é pior que o diabo.
  • Março, marçagão, de manhã cara de rainha, de tarde corta com a foucinha.
  • Em Março, onde quer passo.
  • Em Março, tanto durmo como faço.
  • Março liga a noite com o dia, o Manel co’a Maria, o pão com o pato e a erva com o sargaço.
  • Nasce a erva em Março, mesmo que lhe deem com o maço.
  • Sol de Março queima a dama no paço.
  • Em Março, chove cada dia um pedaço.

Abril

  • Em Abril, mau é descobrir.
  • Abril: águas mil, quantas mais puderem vir.
  • Em Abril, águas mil, coadas por um mandil.
  • A água que no Verão há-de regar em Abril e Maio há-de ficar.
  • Abril molhado, ano abastado.
  • Se não chove em Abril, perde o lavrador couro e quadril.
  • Seca de Abril deixa o lavrador a pedir.
  • Abril frio e molhado enche o celeiro e farta o gado.
  • Abril frio: pão e vinho.
  • Em Abril, queimou a velha o carro e o carril; e uma cambada que ficou em Maio a queimou.

Maio

  • Maio hortelão: muita palha e pouco grão.
  • Maio couveiro não é vinhateiro.
  • Maio pardo faz o ano farto.
  • Maio pardo e ventoso faz o ano farto e formoso.
  • Maio pardo e Junho claro podem mais que os bois e o carro.
  • Fraco é o Maio se o boi não bebe na pegada.
  • Fraco é o Maio que não rompe uma croça.
  • Guarda para Maio o teu melhor saio.
  • Em Maio, comem-se as cerejas ao borralho.
  • Em Maio, nem à porta saio.

Junho

  • Junho calmoso: ano formoso.
  • Junho floreiro: paraíso verdadeiro.
  • Sol de Junho amadura tudo.
  • Chuva de Junho: peçonha do mundo.
  • Chuva de Junho: mordedura de víbora.
  • Chuva junhal: fome geral.
  • Junho chuvoso: ano perigoso.
  • Enxame de Junho nem que seja como punho.
  • Em Junho, foice no punho.
  • Em Junho, perdigotos como punho.
  • Feno, alto ou minguado, em Junho é segado.

Julho

  • Julho quente, seco e ventoso: trabalha sem repouso.
  • Em Julho, prepara o vasculho.
  • Em Julho, ceifa o trigo e faz o debulho. E, com o vento soprando, vai-o limpando.
  • Por todo o mês de Julho, o meu celeiro entulho.
  • Por muito que Julho queira ser, pouco há-de chover.
  • Julho abafadiço: abelhas no cortiço.
  • Chuva de Julho que não faça barulho.
  • Por muito que Julho queira ser, pouco há-de chover.

Agosto

  • Agosto nos farta, Agosto nos mata.
  • Quem em Agosto ara, riqueza prepara.
  • Quem não debulha em Agosto debulha com mau gosto.
  • Quem malha em Agosto malha contra gosto.
  • Chuva em Agosto enche o tonel de mosto.
  • Chuva em Agosto: açafrão, mel e mosto.
  • Quando chove em Agosto, chove mel e mosto.
  • Agosto amadurece, Setembro vindimece.
  • Agosto tem culpa se Setembro leva a fruta.
  • Em Agosto, toda a fruta tem gosto.
  • Temporã é a castanha que em Agosto arreganha.
  • Seja o ano que for, Agosto quer calor.
  • Se queres o teu homem morto, dá-lhe couves em Agosto.
  • Em Agosto, ardem os montes; em Setembro, secam as fontes.
  • Nem em Agosto passear nem em Dezembro marcar.
  • Em Agosto, candeeiro posto.
  • Em Agosto, frio no rosto.

Setembro

  • Setembro: mês dos figos e cara de poucos amigos.
  • Setembro molhado: figo estragado.
  • No pó, semearás; em Setembro colherás.
  • Em Setembro, ardem os montes e secam as fontes.
  • Setembro ou seca as fontes ou leva as pontes.
  • Lua nova setembrina sete luas determina.
  • Setembro é o Maio do Outono.

Outubro

  • Outubro quente traz o diabo no ventre.
  • Outubro suão: negaças de Verão.
  • Logo que Outubro venha, prepara a lenha.
  • Outubro meio chuvoso faz o lavrador venturoso.
  • Em Outubro, o sisudo colhe tudo.
  • Em Outubro, sê prudente: guarda pão e semente.
  • Em Outubro, pega tudo.
  • A árvore plantada no Outono tem um ano de abono.
  • Se Outubro for erveiro, guarda para Março o palheiro.

Novembro

  • Em Novembro, prova o vinho e semeia o cebolinho.
  • Se em Novembro houver trovão, o ano seguinte serão bom.
  • Cava em Novembro e planta em Janeiro.

Dezembro

  • Em Dezembro, treme de frio cada membro.
  • Em Dezembro, lenha no lar e pichel a andar.
  • Em Dezembro, descansar, para em Janeiro trabalhar.

Conversa com a IA

Segue-se uma breve conversa com o Perplexity sobre a relação entre os provérbios portugueses e a respetiva cultura.

Prompt: Eis uma lista (incompleta) de provérbios portugueses. Deduzir uma síntese sobre a filosofia deste povo.

Perplexity:

Síntese da Filosofia Portuguesa nos Provérbios

  1. Realismo e Pragmatismo
    Os provérbios portugueses são marcadamente realistas, refletindo uma visão prática e, por vezes, desconfiada do mundo. Há uma aceitação das limitações da vida e uma tendência a valorizar o que é possível e concreto (“Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”, “Quem tudo quer tudo perde”, “O ótimo é inimigo do bom”). O pragmatismo também se revela na valorização da experiência e do saber fazer (“Quem sabe faz, quem não sabe ensina”, “Devagar se vai longe”).
  2. Sabedoria Popular e Desconfiança
    O português valoriza a prudência e a cautela (“Homem prevenido vale por dois”, “Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém”, “Casa roubada, trancas à porta”). Existe uma certa desconfiança natural perante o excesso de generosidade ou facilidade (“Quando a esmola é grande o santo desconfia”, “Nem tudo o que reluz é ouro”). A experiência ensina a não confiar cegamente e a proteger-se.
  3. Resiliência e Esperança
    Apesar do realismo, há uma esperança teimosa e uma crença na superação das dificuldades (“Depois da tempestade vem a bonança”, “Enquanto há vida, há esperança”, “Quem espera sempre alcança”). A resiliência é vista como virtude, e o sofrimento é muitas vezes encarado como parte inevitável da vida, mas que pode ser superado.
  4. Valor da Comunidade e das Relações
    Os provérbios sublinham a importância da família, dos amigos e da comunidade (“A união faz a força”, “Amigos, amigos, negócios à parte”, “No aperto e no perigo se conhece o amigo”). Também há advertências sobre os perigos da má companhia e a influência dos outros (“Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”, “Junta-te aos bons, serás como eles”).
  5. Moderação e Equilíbrio
    O equilíbrio é um valor central (“Nem tanto ao mar nem tanto à terra”, “No meio é que está a virtude”, “Nem oito nem oitenta”). A moderação é vista como caminho para evitar excessos e problemas.
  6. Aceitação do Destino e da Sorte
    Nota-se uma aceitação resignada do destino e da sorte (“O homem põe e Deus dispõe”, “O futuro a Deus pertence”, “Para morrer basta estar vivo”). A vida é vista como uma mistura de esforço e fado, onde nem tudo está sob o nosso controlo.
  7. Ironia e Humor
    A ironia e o humor são formas de lidar com as adversidades e com as contradições da vida (“Casa de ferreiro, espeto de pau”, “Preso por ter cão, preso por não ter”, “Quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto”). O riso é uma arma contra as dificuldades (“Quem canta seus males espanta”).

Conclusão
A filosofia popular portuguesa, espelhada nos seus provérbios, é de uma sabedoria prática, desconfiada e resiliente, que valoriza a prudência, a moderação, a solidariedade e o equilíbrio. É um povo que aceita as agruras da vida com realismo, mas sem perder a esperança, recorrendo ao humor e à ironia para suavizar as dificuldades. A vida é vista como um caminho de desafios, onde a experiência, a comunidade e a capacidade de adaptação são essenciais para sobreviver e, se possível, ser feliz.

Link: https://www.perplexity.ai/search/59588f89-934c-49e9-a091-f643510836e0

Legenda da imagem

Zé Povinho, Fiado, Toma.
Cerâmica policromada e vidrada das Caldas da Rainha,
Original de Rafael Bordallo Pinheiro (1846-1905), 1890 (c.), edição de 1920 (c.).
Figura criada em 12 jun. 1875 para o periódico Lanterna Mágica, passou a definir o povo português com todos os seus defeitos, as suas virtudes e contradições, mas só bem para os finais do séc. XIX passa à cerâmica, talvez por 1895 a 1898, como tampa de tinteiro e ainda hoje sendo reproduzido de todas as formas, feitios e materiais.
Fábrica de Loiças das Caldas da Rainha.
Museu Rafael Bordallo Pinheiro, Lisboa, Portugal.


Parlamento dos Outros

Secção dos provérbios
Subsecções:

O Parlamento dos Outros é uma iteração de um projeto maior designado Mapas de Democracia.


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